Partilha
Dom José Alberto Moura

Na sociedade contemporânea, encontramos pessoas insaciáveis no quererem sempre mais acumular para si, sem compromisso com o bem comum e, especialmente, dos mais deixados de lado. Por outra parte, a solidariedade acontece por quem é convicto de que é mero administrador das coisas materiais. A partilha é própria da pessoa generosa. Paulo lembra que Deus ama quem dá com alegria. O próprio Jesus fala da generosidade em repartir com verdadeiro amor. Ele próprio mostrou compaixão pelos que sofrem, vivem na miséria e na fome. Multiplicou alimento e mandou distribui-lo para o povo que o seguia.

As riquezas materiais são suficientes para todo ser humano viver com dignidade. O exagero de minorias terem demais provoca a injustiça a grandes parcelas que não têm ainda o necessário para a vida querida por Deus a seus filhos. Ninguém vai levar nada de material para a sepultura ou para a vida eterna. Quem pensa exageradamente em acumular perde muito do sentido da própria vida. O divino Mestre ensina o entesouramento do bem realizado nesta vida em vista da vida eterna. Se o ser humano não tiver um olhar para o horizonte da vida eterna ele se perde e se escraviza ao próprio eu egoísta, não sendo capaz de ser solidário e pensar no bem do semelhante.

A generosidade que leva à partilha se forma desde o berço, com o burilar do caráter. Quem constrói boa família é capaz de dar o exemplo e ensinar os filhos a partilharem. Muitos são exemplos para os filhos de solidariedade para com os empobrecidos, não só no dar alguma coisa a quem precisa, mas no ocupar-se em promovê-lo em sua dignidade. A união dos que assim fazem e pensam faz acontecer a justiça social e a promoção do bem social.

O profeta Eliseu ensinou um doador de frutos da terra a distribuir o pouco alimento com generosidade para muitos. O milagre da multiplicação aconteceu. Todos ficarem saciados e ainda sobrou (Cf. 2 Rs 4, 42-44). Jesus fez o milagre da multiplicação dos alimentos várias vezes. Ensinou-nos que a generosidade dá fruto. Deus não deixa faltar nada a quem é generoso em dar de si pelo bem do próximo e da comunidade. A experiência nisso tem feito muitos perceberem que se deve contemplar a vida e tudo o que se recebe nela para uma gratidão contínua ao Criador. Ele é o doador de tudo isso a cada ser humano. Tal atitude leva a pessoa humana a ser generosa em servir a comunidade com parte abundante do que recebe como dom divino.

Numa sociedade de muito fechamento no egoísmo, felizmente há também muita abertura e solidariedade por parte de pessoas de bem. A ganância deve ser repelida. A usura e a exploração da fraqueza do semelhante são chagas a serem curadas com o espírito de fraternidade e prática de serviço ao outro. A generosidade realizada por Deus em relação a nós deve nos mover à prática do amor ao próximo, à semelhança do que Jesus fala na parábola do bom samaritano

Fonte: http://www.cnbb.org.br/ns/modules/articles/article.php?id=840

Dízimo